É possível que a garotada de hoje não saiba ou não tenha ouvido falar nos velhos filmes de “bang-bang” filmados nas décadas de 30 a 60, onde o artista, exímio atirador, geralmente um simpático e “macho” Xerife (Delegado de hoje), cuja arma dava mais tiros do que cabia no tambor, sabe lá Deus onde arranjava tanta bala, combatia os fora da lei (bandidos) sempre feios, tiranos e traidores.
As tabernas (bares de hoje) eram lugares de reunião para jogatina de cartas, tendo como pano de fundo um piano, um pianista, uma cantora e donzelas que ostentavam em uma de suas belas pernas, ligas coloridas que eram disputadas em brigas e tiros. Não haviam muitas mulheres como hoje.
O uísque era a bebida dos machões que eram conhecidos pelas roupas empoeiradas e chapéus suados e sujos que não saiam de suas cabeças em longas brigas ou galopando cavalos que pareciam voar nos prados do velho oeste.
O Xerife era conhecido pela estrela que usava na camisa e sua fama era conhecida e respeitada pelas bravuras, bom comportamento, frequentava a Igreja nos domingos e cumprimentava as damas tirando o chapéu.
Símbolo do poder, era um verdadeiro ícone da justiça, ostentando belos e reluzentes revolveres nos cinturões, numa época em que só vivia àquele que sacasse primeiro e mais rápido.
Apesar de andarem armados, por incrível que possa parecer, haviam desentendimentos e brigas com menos mortes do que hoje porque se respeitavam porque o outro, também, estava armado e isto inibia a valentia.
Conto esta divertida e saudosa estória de época, para mostrar que a sociedade está em desvantagem em sua defesa, porque somente ”um lado” tem o privilégio e a certeza de usar arma e ganhar sempre.
Boris Castro é Jornalista e Conselheiro da AEI